Como
todas as coisas que existem no mundo, alguns gêneros literários também são
vítimas de preconceito. Ou por serem violentos demais, ou por serem água com
açúcar demais, ou por serem tristes, ou eróticos, ou muito infantis, ou muito
nonsense, ou muito... Qualquer defeito que o leitor escolha apontar. É difícil
agradar todo mundo – J. K. Rowling continua se recusando a nos vender a
fórmula.
Mas
de todos os gêneros literários, nenhum é mais discriminado que os romances de
banca. Para quem não ligou o nome à pessoa, são aqueles livrinhos que você,
literalmente, compra em qualquer banca de jornal. As edições costumam ser
pequenas, do tipo que cabe no bolso – inclusive monetariamente, costumam ser
muito baratos, podendo ser comprados até por menos de dez reais. Geralmente são
escritos por mulheres, possuem incontáveis coleções baseadas no país onde a
história se passa – Das Terras Altas (também conhecidos como Highlands), Do
Deserto (protagonizados por Sheiks), Magnatas Gregos, Maridos Italianos, e por
aí vai... –, e suas publicações costumam ser incluídas em séries com nomes de
mulher – Sabrina, Jéssica, Júlia – ou de sentimentos arrebatadores – Paixão,
Desejo...
Todo
mundo já viu pelo menos uma capa de um desses desprezadinhos da literatura
mundial. Mas por quê eles são desprezados? Via de regra, romances de banca são
como novelas mexicanas, quem leu um, já leu todos, porque o enredo é
basicamente o mesmo: a mocinha e o mocinho ficam embaçando por qualquer motivo –
de força maior ou não –; um dos dois é extremamente rico, o outro está muito encrencado
– seja por causa de uma dívida ou a possibilidade de ir para a cadeia, ou de
que algum parente muito próximo vá para a cadeia, ou ambas as coisas –, e acaba
não tendo outra saída senão ceder a alguma proposta ou capricho do lado rico do
casal – geralmente a saída é um casamento de conveniência, para que a outra
parte possa receber uma herança, cumprir um contrato, algum tipo de vingança,
ou ganhar uma aposta. Os detalhes podem variar um pouco, como no caso em que
ambos são ricos – geralmente a mocinha dessas histórias é uma herdeira órfã,
que acaba sendo vítima de um parente perverso, sendo sequestrada, ou vendida,
ou forçada a um casamento arranjado com algum homem, pelo menos a princípio,
desprezível, ou qualquer outra tragédia do gênero, e que por qualquer coincidência
do destino, acaba parando nas mãos do mocinho que, por vontade própria, bondade
no coração, ou uma generosa quantia em ouro, torna-se seu salvador. E invariavelmente, o casal fica junto no
final.
São
poucos os romances de banca que trazem alguma história verdadeiramente
original, e mesmo assim, dificilmente é um livro que você vai querer abandonar
antes do fim. Não se engane pela palavra clichê:
são bons livros, com histórias envolventes, românticas, e que 99% das vezes nos
pegam de jeito e nos conquistam até a última página. Por isso eu digo que são injustamente desprezados.
Particularmente,
gosto mais de romances de banca quando são romances históricos. Como é o caso
do escolhido para essa resenha.